No Carnaval resolvemos rumar à Covilhã. Nós, os miúdos, uns amigos e os míudos dos amigos.
Tudo correu muito bem. Bom Hotel, crianças à solta (a exigir o cartão dos quartos dos pais), boa comida, boa companhia.
A J. e a Cat tiveram uma aula de ski e ficaram viciadas (elas têm queda para a coisa). Eu não desgostei, embora em férias fazer qualquer tipo de esforço não é comigo. Prefiro ler, dormir, comer e beber e conversar, o que já é muita coisa.
A Covilhã é uma cidade simpática que tem a universidade mais bonita que conheço, a UBI. Tem também um museu dos lanifícios que é uma coisa honesta e que vale a pena visitar.
Depois há a serra. Um assombro de beleza, com o Zêzere por perto e com uma paisagem que me faz pensar em coisas boas.
Mas, como não há bela sem senão (estamos em Portugal, já se vê), é uma dor de alma chegar à Torre e verificar que:
– demorámos cerca de 2 horas a fazer 6 quilómetros;
– estão nove milhões e quinhentos mil portugueses (os outros têm juízo e já lá não põem os cotos);
– os apoios (cafés e lojas) continuam a parecer os sanitários de um apeadeiro menor de uma estação da CP. O cheiro a urina, desinfectante, queijos e presuntos misturam-se no ar de forma a provocar a repulsa de qualquer cidadão médio. Fechando os olhos, podíamos estar em plena idade média.
– a Torre é um mar de carros, Katias Vanessas e Sandros Vanderlei todos vestidos com trajes de carnaval de tecido sintético comprado numa qualquer loja do chinês;
– em suma, tudo o que a serra tem de magnífico, perde-se naquela que é (para mim) uma visão do inferno, em versão gelada.
Sendo aquilo um parque, não ocorreu às almas pensante deste país que é mais fácil proíbir os carros e organizar um esquema em que se deixa o carro cá em baixo e vai-se a pé ou de autocarro?
E que aqueles pardeeiros a que chamam cafés e lojas deviam ser implodidos e substituídos por coisas mais aprazíveis (e sobretudo, mais limpas)?
A natureza agradece e os meus olhos também.